(ENEM DIGITAL - 2020) No protestantismo asctico, temos no apenas a clara noo da primazia da tica sobre o mundo, mas tambm a mitigao dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os irmos de crena e outra externa para os infiis). O desafio aqui o da tica, que quer deixar de ser um ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma fuga do mundo, como na prtica monstica crist medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prtica e cotidiana dentro do mundo. SOUZA, J. A tica protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Cincias Sociais, n. 38, out. 1998. Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tenso entre positividade ticoreligiosa e esferas mundanas de ao. Nessa perspectiva, a tica protestante compreendida como
(ENEM DIGITAL - 2020) TEXTO I C = M + D R. A equao, desenvolvida pelo economista Robert Klitgaard, descreve a corrupo. Traduzindo-a em palavras, temos que a corrupo (C) dada pelo grau de monoplio (M) existente no servio pblico, mais o poder discricionrio (D) que as autoridades tm para tomar decises, menos a responsabilizao (R), que basicamente a existncia de mecanismos de controle. Outras verses da frmula acrescentam ao R uma dimenso moral, que tambm funcionaria como barreira contra a cultura da corrupo. SCHWARTSMAN, H. Frmula da corrupo. Disponvel em: www.folha.uol.com.br. Acesso em: 26 abr. 2015 (adaptado). TEXTO II Corrupo significa transao ou troca entre quem corrompe e quem se deixa corromper. Trata-se normalmente de uma promessa de recompensa em troca de um comportamento que favorea os interesses do corruptor. A corrupo no est ligada apenas ao grau de institucionalizao, amplitude do setor pblico e ao ritmo das mudanas sociais; est tambm relacionada com a cultura das elites e das massas. Depende da percepo que tende a variar no tempo e no espao. BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionrio de poltica. Braslia: UnB, 2009 (adaptado). O segundo texto complementa a compreenso do fenmeno da corrupo tal como abordado no primeiro texto, na medida em que
(ENEM DIGITAL - 2020) O jovem que nasceu e cresceu sob a ditadura perdeu muitos contatos com a realidade e com a histria como processo vivo. Mas conheceu em sua carne o que a opresso e como a represso institucional (s vezes inconsciente e definitiva, dentro da famlia, da escola etc.) odiosa. Essa uma riqueza mpar. O potencial radical de um jovem pobre, de pequena burguesia ou rico que sofre prolongadamente uma experincia dessas, constitui um agente poltico valioso. Ele est embalado para rejeitar e combater a opresso sistemtica e a represso dissimulada, o que o converte em um ser poltico inconformista promissor. FERNANDES, F. O dilema poltico dos jovens. In: Florestan Fernandes na constituinte: leituras para reforma poltica. So Paulo: Expresso Popular, 2014. No contexto mencionado, Florestan Fernandes tematiza um efeito inesperado do exerccio do poder poltico decorrente da
(ENEM DIGITAL - 2020) certo que entramos na era das sociedades de controle. Elas j no so exatamente sociedades disciplinares, cuja tcnica principal o confinamento (no somente o hospital e a priso, mas tambm a escola, a fbrica, o quartel). A sociedade de controle no funciona por confinamento, mas por controle contnuo e comunicao instantnea. evidente que no deixamos de falar de priso, de escola, de hospital: mas essas instituies esto em crise. DELEUZE, G. Entrevista a Toni Negri. In: O devir revolucionrio e as criaes polticas. Novos Estudos Cebrap, n. 28, out. 1990 (adaptado). No trecho, ao problematizar as sociedades contemporneas, Gilles Deleuze est enfatizando a ausncia de
(ENEM DIGITAL - 2020) O termo manipulao significa uma consciente interveno tcnica em um material dado. Se a interveno de uma importncia social imediata, a manipulao constitui um ato poltico. o caso da indstria da conscincia. Assim, toda utilizao de meios pressupe uma manipulao. Os mais elementares processos de produo constituem intervenes no material existente. Portanto, escrever, filmar ou emitir sem manipulao no existe. Por conseguinte, a questo no se os meios so manipulados ou no, mas quem manipula os meios. ENZENSBERGER, H. M. Elementos para uma teoria dos meios de comunicao. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979 (adaptado). Esse entendimento acerca dos meios de comunicao, produzido na dcada de 1970, contesta o(a)
(ENEM DIGITAL - 2020) Ao mesmo tempo que as novas tecnologias inseridas no universo do trabalho esto provocando profundas transformaes nos modos de produo, tornam cada vez mais plausvel a possibilidade de liberao do homem do trabalho mecnico e repetitivo. JORGE, M. T. S. Ser o ensino escolar suprfluo no mundo das novas tecnologias? Educao e Sociedade, v. 19, n. 65, dez. 1998 (adaptado). O paradoxo da relao entre as novas tecnologias e o mundo do trabalho, demonstrado no texto, pode ser exemplificado pelo(a)
(ENEM Digital 2020) Indstria cultural da felicidade Tornou-se perigoso o emprego da palavra felicidade desde seu mau uso pela propaganda. Os que se negam a us-la acreditam liberar os demais dos desvios das falsas necessidades, das bugigangas que se podem comprar em shoppings gr-finos ou em camels na beira da calada, que, juntos, sustentam a indstria cultural da felicidade qual foi reduzido o que, antes, era o ideal tico de uma vida justa. Infelicidade poderia ser o nome prprio desse novo estado da alma humana que se perdeu de si ao perder-se do sentido do que est a fazer. Desespero um termo ainda mais agudo quando se trata da perda do sentido das aes pela perda da capacidade de reflexo sobre o que se faz. A felicidade publicitria est ao alcance dos dedos e no promete um depois. Resulta disso a massa de desesperados trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmcias do pas em busca de alento. TIBURI, M. Disponvel em: http://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 12 nov. 2014 (adaptado). Ao reprovar a ao da indstria da felicidade e um comportamento humano, o texto associa a